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Prevenção

Toxicidade

A redução dos picos plasmáticos de doxorrubicina e a limitação de doses cumulativas deste fármaco abaixo do 450 mg/m2 permite uma diminuição da toxicidade. A co-administração de outros antitumorais como vincristina, procarbazina, cisplatina e ciclofosfamida permite também diminuir a dose de doxorrubicina administrada. Por outro lado, um esquema terapêutico preciso e um método de administração adequado poderão ser eficazes. [1] De facto, de acordo com alguns estudos, foi demonstrado que uma infusão lenta do fármaco permite que haja menos danos cardíacos quando comparado com a administração intravenosa que frequentemente é utilizada. [2]

 

 

Uma das estratégias mais estudadas nos últimos anos relaciona-se com o uso de antraciclinas encapsuladas em lipossomas. Estas formulações lipossomais demonstraram reduzir a toxicidade da doxorrubicina em ensaios clínicos pelo que já são usadas atualmente. [1] Paralelamente a esta a estratégia, a administração de doxorrubicina dirigida ao tumor parece ser vantajosa. Isto deve-se ao facto de a vasculatura em torno do tumor ser mais permeável, permitindo uma maior acumulação local dos lipossomas e, consequentemente, uma diminuição da concentração sistémica do fármaco, bem como, uma maior eficácia do tratamento. [2]

 

 

Nas últimas décadas tem-se procurado análogos da doxorrubicina que apresentem a mesma eficácia terapêutica mas que permitam uma menor toxicidade. Tendo em conta a estrutura química das antraciclinas várias alterações poderiam ser propostas, contudo, dos cerca de 2000 análogos encontrados apenas alguns obtiveram aprovação clínica (exemplo: epirrubicina, idarrubicina, aclacinomicina A e mitoxatrone). Porém, nenhum destes compostos parece ter qualquer vantagem em relação à doxorrubicina. [2]

 

 

Para além destas estratégias, o uso de antioxidantes tem sido estudado com o objetivo de prevenir a cardiotoxicidade induzida pela doxorrubicina. A vitamina E foi um dos primeiros antioxidantes testados mas demonstrou ser eficaz apenas na prevenção dos efeitos cardiotóxicos agudos. Outros antioxidantes têm sido estudados apresentando, igualmente, efeito limitado. Em contrapartida, estudos realizados com fármacos antilipidémicos como o probucol, que apresentam efeito antioxidante e promovem a atividade de antioxidantes endógenos, demonstraram ser eficazes na prevenção da cardiotoxicidade sem comprometer a atividade antitumoral da doxorrubicina. O mesmo se verificou com o carvediol, que atua como bloqueador dos recetores β-adrenérgicos e antioxidante. [2]

 

 

O dexrazoxane é um agente quelante que se liga ao ferro libertado após a peroxidação lipídica induzida pela doxorrubicina. [3] Este fármaco demonstrou reduzir significativamente o desenvolvimento de cardiomiopatia, sendo atualmente o único co-administrado para a prevenção de danos cardíacos. Contudo, o dexrazoxane deve ser usado com precaução já que poderá conduzir ao esgotamento do ferro intracelular e interferir com o seu transporte. Além disso, possui atividade mielossupressora que pode agravar a ação supressiva da doxorrubicina.  [1]

 

[1] Pereira, G. et al (2011) Drug-induced Cardiac Mitochondrial Toxicity and Protection: From Doxorubicin to Carvedilol, Current Pharmaceutical Design, 17, 2113-2129

 

[2]Takemura, G.; Fujiwara, H. (2007) Doxorubicin-Induced Cardiomyopathy From the Cardiotoxic Mechanisms to Management, Progress in Cardiovascular Diseases, Vol. 49, No. 5: 330-352

 

[3] Ades, F. et al (2014) Cardiotoxicity of systemic agents used in breast cancer, The Breast, 1-12

Enquanto não existe cura para os danos cardíacos induzidos pela doxorrubicina, a prevenção continua a ser a melhor estratégia terapêutica. Contudo, os benefícios das medidas preventivas disponíveis ainda são limitados.

Tabela 5. Estratégias de prevenção da cardiomiopatia induzida pela doxorrubicina.[2]

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